Quase infinito
“‘Um trabalho não precisa ser uma resposta para o que você fazia antes. Há artistas que fazem coisas completamente diferentes ao longo dos anos e os críticos teimam em encontrar pontos em comum. Com esta exposição, do MAC, quis recuperar um pouco do prazer de fazer uma descoberta, algo novo’, diz o artista. Embora se relacione com os trabalhos anteriores ao usar o piso de um ambiente ligado à arte como suporte, dando ao chão o status de pintura, o grande painel do MAC apresenta um dado novo ao se relacionar com a paisagem em volta do museu em vez de reconstruir sua arquitetura. Senise conta que foi o próprio material quem sugeriu a abordagem, já que o carpete azul lembrava o céu e o mar da Baía. Parece inevitável, no entanto, ligar o trabalho ao percurso do artista, que já trabalhou com silhuetas e sempre se relacionou com a paisagem e a arquitetura. Também é curiosa a relação entre tachinhas que prendem as silhuetas de gaivotas com os pregos que tanto marcaram outras telas.”
Daniela Name, Paisagem que transforma o céu em chão. O Globo, Segundo Caderno, Rio de Janeiro, 20 de março de 2003.