Prodrome
“E, se calhar de parar na página certa, nas imagens da recente série Prodome, encontramos quebra-cabeças capazes de induzir um curto-circuito de percepções, tendo finalmente imbricado sistemas de representação a tal ponto que eles perdem, por assim dizer, sua verossimilhança perceptiva.
É sintomático que essas imagens algo piranesianas, esses espaços incongruentes, se associem aos pródromos, sinais que nos avisam que há algo errado em nosso corpo, mas não são suficientes para um diagnóstico preciso. É sintomático porque faz lembrar, como já havia previsto Duchamp, e hoje nos demonstra Senise, que o mais sofisticado dos entendimentos dos princípios da visão jamais abolirá a ineficiência, a abrangência e a serendipidade da nossa contaminada percepção do real.”
(trecho do texto “Daniel Senise, ou: só queria te dizer duas coisas”, de Paulo Miyada, 2018)