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“Ao se distanciar do processo pictórico habitual, Daniel Senise alcança hoje formatos que se esquivam da literalidade. Assim, por oposição formal, comenta questões relativas à pintura e à representação do mundo dispensando a figuração, veiculando reflexões acerca do binômio natureza-cultura tanto nos alvos lençóis puídos como na massa acinzentada de papéis reciclados.
Este é o caso de Mil — a milésima obra produzida pelo artista — que vem a ser uma série de relevos compostos por tijolos feitos de convites e catálogos de exposições reciclados, cuja disposição nas paredes sugere quadros pendurados. O título celebra e ironiza o alcance do primeiro milhar de obras ao mesmo tempo que questiona o excesso de informações e imagens impressas em papéis despejados pelo sistema da arte, cujo conteúdo em demasia se torna apenas ruído acrítico.”
(trecho do texto de Daniela Labra publicado no catálogo da exposição do artista da Casa França-Brasil, Rio de Janeiro, em 2011)